António de Abranches Ferrão

António de Abranches Ferrão
António de Abranches Ferrão
Nascimento 25 de agosto de 1883
Seia
Morte 23 de abril de 1932 (48 anos)
Lisboa
Cidadania Portugal, Reino de Portugal
Alma mater
  • Universidade de Coimbra
Ocupação servidor público
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António de Abranches Ferrão (Seia, 25 de Agosto de 1883 — Lisboa, 23 de Abril de 1932) foi um jurista, advogado e professor de Direito da Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa que exerceu importantes funções políticas durante a Primeira República Portuguesa, entre os quais os de Ministro da Justiça e Ministro da Instrução Pública.[1]

Biografia

Nasceu em Seia, filho de António Ferrão, comerciante. Concluída a instrução primária em Seia, foi aluno interno no Colégio de São Fiel, uma instituição pertencente aos jesuítas, situada em Louriçal do Campo, Distrito de Castelo Branco.

Concluídos os estudos liceais em Castelo Branco e Coimbra, ingressu em 1901 na Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra, onde obteve o grau de bacharel em 1907 e de licenciado em 1908. Prosseguiu estudos e doutorou-se, na mesma Faculdade em 1911. Enquanto estudante foi um dos intransigentes da greve académica de 1907.[2]

Terminada a sua formação universitária, dedicou-se à advocacia em Lisboa, cidade onde se fixou em 1912 e onde residiu até falecer.

Criada a Universidade de Lisboa na sequência da Implantação da República Portuguesa, em 1913 concorreu a um lugar de professor da recém-instalada Faculdade de Direito de Lisboa, sendo provido no lugar. Manteve a sua actividade docente até ao fim da vida, tendo exercido diversas vezes o cargo de director da Faculdade, inicialmente em substituição de Afonso Costa, mas de 1926 a 1928 por direito próprio.[3] Era reputado como um professor afável e cultor da aprendizagem colaborativa.[1]

Durante a Primeira República Portuguesa exerceu diversos cargos políticos, entre os quais os de Ministro da Justiça (de 7 de Dezembro de 1922 a 15 de Novembro de 1923) e de Ministro da Instrução Pública (de 6 de Julho de 1924 a 22 de Novembro de 1924). Desempenhou interinamente as funções de Ministro das Finanças (de 17 a 20 de Agosto de 1923).[4] Foi ainda deputado independente eleito pelo círculo eletoral de Gouveia (1922 e 1925).

Nas funções de Ministro da Justiça teve algumas iniciativas visando a defesa da condição da mulher que lhe mereceram o apoio do Conselho Nacional das Mulheres Portuguesas.[3]

Apesar de ter exercido as funções de ministro da Instrução Pública efemeramente, mantendo-se no cargo apenas de Julho a Novembro de 1924, anunciou intenções de mudança no ensino infantil, no ensino primário superior, no ensino industrial e comercial e na formação de professores, mas que se ficaram por mera «manifestação de intenções».[3]

Destacou-se como legislador, tendo sido encarregue de diversos projectos, entre eles o que levou à criação, em 1926, da Ordem dos Advogados Portugueses, sendo da sua autoria o Decreto n.º 11715, de 12 de Junho de 1926, já emitido quando José Mendes Cabeçadas chefiava um dos primeiros governos da Ditadura Militar do pós-28 de Maio de 1926.[4]

Foi escolhido em 1997 para patrono de escola dos 2.º e 3.º ciclos do ensino básico da sua terra natal, Seia. Na escolha é referido como «figura de cidadão exemplar e de democrata coerente e determinado».[3]

Notas

  1. a b Maria Lúcia de Brito Moura, Ao encontro de... António de Abranches Ferrão. Seia, 1998.
  2. Xavier, A. (1962). História da greve académica de 1907. Coimbra: Coimbra Editora.
  3. a b c d António de Abranches Ferrão no Correio da Educação.
  4. a b "Abranches Ferrão" em Almanaque Republicano.

Referências

  • António Nóvoa (dir.), "Ferrão, António de Abranches" em Dicionário de Educadores Portugueses, pp. 532–533. Porto, Edições Asa, 2003.

Ligações externas

  • Nota biográfica e fotografia no Almanaque Republicano
  • António de Abranches Ferrão no Correio da Educação
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Afonso Costa Bernardino Machado (interino) Afonso Costa (continuação) Bernardino Machado (interino) Afonso Costa (continuação) Diogo Leote António Macieira Francisco Correia de Lemos • Álvaro de Castro Manuel Monteiro • Bernardino Machado (interino) Eduardo de Sousa Monteiro Augusto Vieira Soares (interino) José Maria Barbosa de Magalhães Joaquim Pimenta de Castro (interino) Guilherme Moreira Junta Constitucional Paulo Falcão • João Catanho de Meneses Luís Mesquita de Carvalho Alexandre Braga José Maria Barbosa de Magalhães (interino) Junta Revolucionária Alberto de Moura Pinto • Martinho Nobre de Melo Alberto Osório de Castro Jorge Couceiro da Costa Afonso Pinto Veloso Francisco Joaquim Fernandes • Francisco Couceiro da Costa Domingos Pereira (interino) Francisco Couceiro da Costa António Granjo Artur Lopes Cardoso • Luís Mesquita de Carvalho (não empossado) Artur Lopes Cardoso (reconduzido) Luís Mesquita de Carvalho (2.ª vez) José Ramos Preto António de Oliveira e Castro • Artur Lopes Cardoso (2.ª vez) José de Matos Cid • Raul Lelo Portela Vasco Guedes de Vasconcelos (não empossado) António Arez • Vasco Guedes de Vasconcelos António de Abranches Ferrão • João Catanho de Meneses (2.ª vez) Vasco Borges (interino) • João Catanho de Meneses (2.ª vez; continuação) António de Abranches Ferrão (2.ª vez) Artur Lopes Cardoso (3.ª vez) José Domingues dos Santos João Catanho de Meneses (3.ª vez) Pedro de Castro • Adolfo de Oliveira Coutinho • Casimiro Monteiro João Catanho de Meneses (4.ª vez)

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Basílio Teles (não empossado) José Relvas Duarte Leite Sidónio Pais António Vicente Ferreira Francisco Fernandes Costa (interino) António Vicente Ferreira (continuação) Afonso Costa Tomás Cabreira António dos Santos Lucas Álvaro de Castro Joaquim Pimenta de Castro (interino) Herculano Galhardo José Jerónimo Rodrigues Monteiro (inicialmente interino) José Maria Teixeira Guimarães (interino) Junta Constitucional Tomé de Barros Queirós Vitorino Guimarães Afonso Costa (2.ª vez) António José de Almeida (interino) Afonso Costa (2.ª vez; continuação) António José de Almeida (interino) Afonso Costa (2.ª vez; continuação) Artur de Almeida Ribeiro (interino) Afonso Costa (2.ª vez; cont.) Artur de Almeida Ribeiro (interino) Junta Revolucionária António dos Santos Viegas • Francisco Xavier Esteves Joaquim Mendes do Amaral (interino) João Tamagnini Barbosa Ventura Malheiro Reimão • António de Paiva Gomes Augusto Dias da Silva (interino) António de Paiva Gomes (continuação) Amílcar Ramada Curto Francisco Rego Chaves António Maria da Silva Francisco Fernandes Costa (não empossado) António Maria da Silva (reconduzido) António Joaquim Ferreira da Fonseca Francisco Pina Lopes • António Maria da Silva (2.ª vez) Inocêncio Camacho António Granjo (interino) Inocêncio Camacho (continuação) Francisco da Cunha Leal Liberato Pinto (interino) António Maria da Silva (3.ª vez) Tomé de Barros Queirós (2.ª vez) António Vicente Ferreira (2.ª vez) Francisco António Correia • Francisco Trancoso • Vitorino Guimarães (2.ª vez) Albano Portugal Durão Eduardo Alberto Lima Basto Vitorino Guimarães (3.ª vez) Francisco Velhinho Correia António de Abranches Ferrão (interino) Francisco Velhinho Correia (continuação) João Vaz Guedes (interino) Francisco da Cunha Leal (2.ª vez) Álvaro de Castro (2.ª vez; inicialmente interino) Daniel Rodrigues • Manuel Pestana Júnior Vitorino Guimarães (4.ª vez) Eduardo Alberto Lima Basto (2.ª vez) António Alberto Torres Garcia Armando Marques Guedes

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António de Sousa Júnior José Sobral Cid Frederico Ferreira de Simas Joaquim Pimenta de Castro (interino) Manuel Goulart de Medeiros Junta Constitucional José de Castro (não empossado) Sebastião de Magalhães Lima José de Castro (interino) João Lopes Martins Frederico Ferreira de Simas (2.ª vez) Joaquim Pedro Martins António José de Almeida (interino) Joaquim Pedro Martins (continuação) José Maria Barbosa de Magalhães Artur de Almeida Ribeiro (interino) José Maria Barbosa de Magalhães (continuação) Junta Revolucionária Alfredo Magalhães Domingos Pereira Leonardo Coimbra Joaquim José Oliveira Afonso Pinto Veloso (não empossado) Joaquim José Oliveira (reconduzido) João de Deus Ramos Vasco Borges Augusto Nobre Francisco Velhinho Correia (interino) Artur Octávio do Rego Chagas Felisberto Pedrosa (interino) Júlio Dantas Augusto Nobre (2.ª vez) Júlio Martins Tomé de Barros Queirós (interino) António Ginestal Machado António Alberto Torres Garcia (não empossado) Manuel de Lacerda de Almeida Francisco Alberto da Costa Cabral Alberto Rocha Saraiva Augusto Nobre (3.ª vez) Leonardo Coimbra (2.ª vez) João Camoesas António Maria da Silva (interino) João Camoesas (continuação) Manuel de Melo e Simas António Sérgio Hélder Ribeiro António de Abranches Ferrão • António de Sousa Júnior (2.ª vez) Rodolfo Xavier da Silva Eduardo Santos Silva João Camoesas (2.ª vez) Eduardo Santos Silva (2.ª vez)

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37.º governo republicano (1922–1923)
Presidente do Ministério
António Maria da Silva, 85.º chefe de governo de Portugal
Ministros
Interior
Justiça e dos Cultos
António de Abranches Ferrão
Finanças
Vitorino Guimarães (1922–1923) • Francisco Velhinho Correia (1923) • António de Abranches Ferrão interino (1923) • Francisco Velhinho Correia continuação (1923) • João Vaz Guedes interino (1923)
Guerra
Fernando Freiria (1922–1923) • António Maria da Silva interino (1923)
Marinha
Vítor Hugo de Azevedo Coutinho (1922–1923) • Abel Fontoura da Costa inicialmente interiono (1923)
Negócios Estrangeiros
Comércio e Comunicações
Fernando Brederode (1922–1923) • João Vaz Guedes (1923)
Colónias
Instrução Pública
Leonardo Coimbra (1922–1923) • João Camoesas (1923) • António Maria da Silva interino (1923) • João Camoesas continuação (1923)
Trabalho
Leonardo Coimbra interino (1922–1923) • Alberto Rocha Saraiva (1923)
Agricultura
António Maria da Silva interino (1922–1923) • Abel Fontoura da Costa (1923) • João Vaz Guedes interino (1923) • Abel Fontoura da Costa continuação (1923) • Joaquim Ribeiro
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