Voo TAP Portugal 425

Voo TAP Portugal 425
Voo TAP Portugal 425
CS-TBR, a aeronave envolvida no acidente em agosto de 1977
Sumário
Data 19 de novembro de 1977 (46 anos)
Causa
  • Condições meteorológicas;
  • Aquaplanagem;
  • Erro de tripulação.
Local Santa Cruz
Coordenadas 32° 41′ 26″ N, 16° 42′ 27″ O
Origem Bruxelas, Bélgica
Escala Lisboa, Portugal
Destino Funchal, Portugal
Passageiros 156
Tripulantes 8
Mortos 131
Sobreviventes 33 (2 tripulantes e 31 passageiros)
Aeronave
Modelo Boeing 727-282B
Operador TAP Portugal
Prefixo CS-TBR "Sacadura Cabral"
Primeiro voo 1975 (49 anos)

O Voo TAP Portugal 425 (ICAO: TAP425 / IATA: TP425) foi um voo comercial entre Bruxelas e Funchal operado pela TAP Portugal, no dia 19 de Novembro de 1977, com um Boeing 727-282 que se acidentou após uma tentativa de aterragem no Aeroporto da Madeira sob condições meteorológicas desfavoráveis.

O acidente foi investigado pelo Gabinete de Prevenção e Investigação de Acidentes com Aeronaves (GPIAA), que apontou como causa a impossibilidade de parar completamente a aeronave até ao final do comprimento da pista, devido a diversos factores como condições meteorológicas desfavoráveis, aquaplanagem, velocidade de aproximação excessiva, "Flare" longo[nota 1] e comando direccional brusco após o toque na pista.[2] Este acidente é conhecido como o segundo pior acidente aéreo de Portugal e o primeiro com fatalidades na história da TAP.[3]

Aeronave

A aeronave acidentada era do modelo Boeing 727-282B (Série 20 972), fabricado pela The Boeing Company no ano de 1975. No seu registo foi-lhe atribuída a matricula CS-TBR e o nome "Sacadura Cabral", em homenagem ao aviador português Artur de Sacadura Freire Cabral. O avião acumulou 6 154 horas de voo e efectuou 5 204 aterragens até ao dia do acidente.[4]

Durante as investigações, constatou-se que a aeronave estava regulamentada e mantida conforme as recomendações de manutenção do fabricante, e também não foi encontrado nenhum defeito nos sistemas e componentes da aeronave.[5]

Acidente

No dia 19 de Novembro de 1977 a aeronave CS-TBR foi escalada para fazer o voo TAP420 (Lisboa/Bruxelas) e o voo TAP425 (Bruxelas/Lisboa/Funchal) com 8 tripulantes; durante o despacho foi reportada a possibilidade de mau tempo no Funchal. A aeronave fez os percursos entre Lisboa e Bruxelas e de Bruxelas de volta a Lisboa sem incidentes[6] com o voo TAP425 descolando às 19h55 da pista em Lisboa para o último trecho do voo.[7]

Às 21h24, durante o procedimento de aproximação da pista 06 de Funchal, a aeronave recebe comunicação da torre de controlo informando a possibilidade de aquela pista não servir naquele momento e, às 21h26, o comandante interrompe a aproximação por falta de visibilidade. A segunda tentativa foi realizada com intenção de aterrar na pista 24 e às 21h36 a aproximação é novamente interrompida por falta de visibilidade. Às 21h44 o piloto pergunta à torre do Funchal se tem as luzes sinalizadoras de pista na máxima intensidade, recebendo confirmação da mesma.[8]

Às 21h47 a torre informa que o vento está calmo na pista 24 e pergunta a aeronave se intenciona aterrar nela, recebendo confirmação do piloto. A aproximação final foi executada a uma velocidade relativa de 278 km/h (150 kn) efetuando a aterragem com toque na pista a 628 m (2 060 ft) além da soleira deslocada, uma distancia muito além do normal. Durante o "Flare" o piloto efectua uma correcção direccional no leme e 15 segundos depois do toque o avião saiu pela cabeceira da pista a uma velocidade de 145,3 km/h (78,5 kn)[9]

Este acidente provocou a morte de 6 dos 8 tripulantes e 125 do total de 156 passageiros que estavam a bordo. No dia seguinte a cauda do avião foi pintada, ocultando assim o logótipo da companhia aérea para evitar que o acidente desse origem a uma má imagem da companhia.

Após este acidente, o único com vítimas mortais da companhia TAP, a pista foi aumentada duas vezes e actualmente possui 2 781 metros de comprimento, alguns deles conseguidos através de pilares construídos sobre o mar, num projecto da autoria de António Segadães Tavares, premiado mundialmente graças a essa obra de grande mestria, que reviu e adaptou um projecto do engenheiro Edgar Cardoso, elaborado em 1980, aquando da primeira ampliação da pista para 1 600 metros de comprimento.

Notas

  1. "Flare" ou "landing flare" é o nome do movimento realizado pelo piloto imediatamente antes da aeronave encostar na pista. Também é conhecido por "Arredondamento" ou "Round Out"[1]

Referências

  1. FAA. «Airplane Flying Handbook - Approaches and Landings» (PDF) (em inglês). pp. 6–7. Consultado em 22 de novembro de 2017. Cópia arquivada (PDF) em 29 de junho de 2017 
  2. GPIAA 1977, p. 35-36
  3. «Desastre aéreo na Madeira: 123 mortos» (HTML). Folha de S.Paulo. 21 de novembro de 1977. p. 6. Consultado em 22 de novembro de 2017. Cópia arquivada em 23 de novembro de 2017 
  4. GPIAA 1977, p. 42
  5. GPIAA 1977, p. 34
  6. GPIAA 1977, p. 8
  7. GPIAA 1977, p. 9
  8. GPIAA 1977, p. 10
  9. GPIAA 1977, p. 11
  • Plane Crash Info -

http://www.planecrashinfo.com/1977/1977-50.htm

  • http://www.anam.pt/historia-madeira

Bibliografia

  • GPIAA (1977). Relatório de Acidente - Transportes Aéreos Portugueses 19 de novembro de 1977 (PDF). [S.l.: s.n.] Consultado em 22 de novembro de 2017 
  • Portal de Portugal
  • Portal da Madeira
  • Portal da aviação
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